Votorantim não é mais a “Capital do Cimento”

Por Dr. Roque Dias Prestes
Na época da emancipação, década de 60, Votorantim contava com pelo menos quatro grandes indústrias: a Fábrica de Tecidos Votorantim, a Fábrica de Papel Votocel, a Fábrica de Cimento Votoran e a Indústria Têxtil Metidieri.
Depois vieram Splice, Itap e várias outras indústrias menores, de sorte que, por vários anos, essa cidade foi considerada privilegiada na arrecadação de impostos, não dependendo apenas do recebimento dos tributos: Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU e Imposto sobre Serviços – ISS.
Infelizmente, antes da virada do século e do milênio, essa confortável situação econômica sofreu drástica modificação, pelo fato de a S/A Indústrias Votorantim, iniciar o processo de se afastar, quase totalmente, a sua produção de Votorantim.
Primeiro, foi a transferência da fábrica de tecidos para Fiação Alpina; depois, a venda da fábrica de papel Votocel, para um grupo argentino e, por último, a mudança da quase totalidade da produção de cimento da fábrica Votoran, para a antiga Fábrica de Cimento Santa Rita, em Salto de Pirapora, agora de propriedade da S/A Indústrias Votorantim.
Também a Splice, que era grande prestadora de serviços para a Telesp, teve que expandir as suas atividades, depois que o governo do Estado privatizou aquela concessionária estatal de serviço telefônico.
A Itap passou por outras denominações, até encerrar, definitivamente, sua fábrica em Votorantim.
A Metidieri também acabou encerrando suas atividades; sorte, que nas suas antigas instalações, foi criado o Condomínio Bandeiras, o qual abriga várias empresas de médio e pequeno porte.
Faltou ideia e planejamento dos alcaides que administraram Votorantim bem lá atrás, quando o setor fabril da cidade estava passando por modificação; esses agentes públicos deveriam ter planejado transformar Votorantim em uma estância turística. Afinal, o saudoso Lecy de Campos, autor do Hino de Votorantim, em sua belíssima composição, lembrou que “Votorantim tem encantos e belezas naturais”.
A represa de Itupararanga, a Capela da Penha, o cemitério dos Índios, o qual jamais recebeu o sepultamento, de nenhum índio, pois ali foram enterrados vítimas da febre amarela; eu conto mais detalhes, no meu segundo livro: “Contribuição à História de Votorantim”; a Cachoeira da Chave, cujo parque foi inaugurado no apagar das luzes do governo municipal anterior; mas que. até hoje, continua fechado, porque dizem que não há condições de funcionamento, poderiam tranquilamente receber, o tempo todo, visitantes.
Essa cidade poderia hoje oferecer maior número de restaurantes e uma expressiva rede hoteleira, sem falar no aumento de vendas, no setor comercial.
Contudo, os prefeitos anteriores não tiveram sensibilidade de procurar a mudança na vocação da atividade econômica de Votorantim e, por isso, são responsáveis pela falta de recursos que os cofres municipais, atualmente, enfrentam.
Prova disso, é o fato de até hoje, alunos das escolas municipais não terem recebido material escolar e uniformes; não se pode perder de vista, que o inverno se aproxima e tudo indica, neste ano, será rigoroso; dessa forma, urge entregar para essas crianças casacos para proteção contra o frio.
Também outro problema sério, que o Prefeito Weber Maganhato Junior, o Weber Manga, está enfrentando, diz respeito ao reajuste de vencimentos para servidores públicos da ativa, inativos e pensionistas, deste município, que legalmente, deve ocorrer, no mês de abril, de cada ano, por força do dissídio coletivo, da categoria desses servidores.
Não vai ser fácil, para o Prefeito Weber, “tirar da manga”, uma carta mágica, indicando onde encontrará o dinheiro público, para reajustar esses vencimentos, em percentual justo e necessário, para repor a inflação do período e oferecer algum ganho real para os obreiros municipais.
Penoso é concluir, afirmando que já está no tempo dessa cidade, procurar um novo cognome ou slogan, porque Votorantim não é mais a “Capital do Cimento”.
(Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do jornal)
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