Gabrelú, rapper de Votorantim, participa do primeiro reality show musical brasileiro da Netflix
O programa “Nova Cena” teve como jurados nomes famosos como Djonga, Filipe Ret e a dupla Tasha & Tracie
O reality show “Nova Cena”, da Netflix, contou com um
participante votorantinense: o rapper não-binário Gabrelú, de 29 anos. O
programa, que estreou em novembro deste ano, traz um olhar único para o rap
nacional enquanto acompanha 18 participantes que competem por um prêmio de R$
500 mil e uma participação em "Sintonia", série de sucesso do
streaming.
“Nova Cena” é o primeiro reality musical brasileiro da
Netflix e conta com um time de jurados renomados, como Djonga, Filipe Ret e a
dupla Tasha & Tracie. Além disso, grandes nomes da cena musical participam
como mentores e convidados especiais, como Negra Li, KL Jay, Karol Conká,
Dexter e MC Luanna.
Desde sua primeira aparição no reality, Gabrelú demonstrou
confiança e impressionou os jurados. “Foi incrível e desafiador. Procurei
manter a postura e quis entregar o melhor que pude. Acho que toda galera estava
na mesma energia, então me senti seguro e acolhido, mas ainda assim colocar
nossos sonhos em jogo mexe muito com as emoções”, destacou o rapper em
entrevista para a Gazeta de Votorantim.
Trajetória artística de Gabrelú teve início em Votorantim
Gabrelú conta que nasceu em São Paulo, mas mudou para
Votorantim com sete anos de idade e morou a maior parte de sua vida na cidade,
nos bairros Santa Márcia e Parque Bela Vista: “Me considero muito mais
votorantinense”.
E foi em Votorantim que o rapper iniciou sua carreira
artística. Ele conta que, aos 10 anos, fez oficinas gratuitas oferecidas pela
prefeitura: “Pensando sobre isso agora chega me emocionar, porque eu nem
imaginava o quanto aquilo ia fazer diferença na minha vida. Minha carreira
começou com o teatro, nessa brincadeira de contar história, e hoje estou nos
palcos contando a minha e dos meus”.
Do teatro, ele foi para a música. “Eu comecei rimando com os
meus amigos da vila e na pista de skate, onde anos mais tarde teve a Batalha
das Capivaras feita pela Venenosa. Conforme o tempo foi passando, visitei os
eventos de Sorocaba e conheci vários artistas que tenho amizade até hoje. Em
2016, eu tirava foto e filmava os shows e videoclipes do Projeto Sarjeta e da
Futur15ta e assim me firmei mais no movimento. Só em 2018 que saí de trás das
câmeras e gravei as primeiras músicas, e foi com elas que comecei a fazer shows
na região”, destaca.
Vivência não-binária do rapper foi pauta no reality
Em uma de suas primeiras cenas no reality show da Netflix,
Gabrelú afirma que “ser uma pessoa não binária no rap é como ser uma pessoa não
binária em qualquer lugar: você simplesmente não existe”. Em seus desafios no
programa, Gabrelú demonstrou sua vivência cheia de desafios, coragem e
autenticidade.
O rapper destacou em entrevista para a Gazeta de Votorantim
que tem uma música com o artista Jupitter sobre sua vivência não-binária
chamada “Pensa Que Me Conhece”. “Foi bacana fazer porque, mesmo isso sendo
parte da minha identidade, não é um tema frequente nas minhas músicas. Eu falo
muito sobre ancestralidade, espiritualidade e questões sociais, de coisas que
precisamos pensar, cenários de futuro e memórias que tenho com as pessoas que
amo”, conta.
Gabrelú se define como uma pessoa trans não-binária. Isso
significa que ele não se identifica completamente com os padrões tradicionais
de gênero masculino ou feminino e se abre para a liberdade de existir além
dessas categorias.
“Mesmo não tendo a referência do que era ser uma pessoa não
binária na minha cidade, quando eu olhei pra outros territórios consegui me
enxergar. O Jupitter era amigo da Venenosa, que também era minha amiga, e foi
através dele que eu conheci o termo e comecei a pensar se aquilo me
representava”, explica Gabrelú.
Ele afirma que tem orgulho em ser um artista não-binário
porque sente “que não existe fronteira que impeça algo que mora dentro da
gente”. Ele fala também sobre como é sua vivência em relação ao seu gênero na
cidade de Votorantim. “O interior é um lugar muito tradicional e conserva esses
valores em tudo que faz, então imagina como é não reproduzir essa tradição:
Você recebe todo o tipo de olhar, desde a rejeição até a curiosidade. Eu lido
com isso procurando ser cada vez mais de mim e mostrando as semelhanças que eu
tenho entre as pessoas ao invés das diferenças”, diz.
Próximos projetos
Quando questionado sobre seus projetos atuais e futuros,
Gabrelú contou que está em um momento de transição artística, voltando para as
batidas que trouxeram suas primeiras composições, o Boombap.
“Quero retomar a minha essência e repensar sobre o que me
motivou a começar, pra que nessa nova fase eu possa ter uma versão atualizada
do Gabrelú. Quem tá comigo nessa transição é o DJ e produtor Mendz e juntos
estamos lançando o single ‘Meu DNA’, com muito groove e autenticidade”,
finaliza.
Reportagem: Ivana Santana
Fotos: Divulgação
Foto 2: Artista iniciou carreira após realizar oficinas
culturais em Votorantim
Foto 3: Gabrelú fez bonito no reality
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