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    Atenção às promessas de produtos milagrosos para o comportamento infantil e adolescente


    Atenção às promessas de produtos milagrosos para o comportamento infantil e adolescente

    Por Luciana Abreu

     

     

    No ambiente digital, é cada vez mais comum o surgimento de
    produtos que prometem resolver problemas complexos de comportamento infantil e adolescente
    com soluções aparentemente simples. Entre os mais recentes está o uso de gomas
    multivitamínicas, com alegações de que podem reduzir irritabilidade, birras e
    até auxiliar no tratamento de transtornos como o TDAH. Porém, essas promessas
    levantam preocupações tanto médicas quanto éticas, especialmente por se
    apoiarem em bases sem comprovação científica e oferecerem soluções “mágicas”
    para questões que, na realidade, exigem abordagens mais profundas e integradas.

    Dra. Carolina Cresciulo, hebiatra, destaca que a
    adolescência é um período de intensas transformações físicas e psíquicas. Os
    adolescentes experimentam mudanças rápidas enquanto constroem sua identidade e
    desenvolvem uma nova percepção de si mesmos e do mundo. “A adolescência é
    marcada pelas mudanças físicas – a puberdade – e mudanças psíquicas,
    principalmente relacionadas a sua identidade, o ser e estar no mundo, a
    preferência dos pares, o isolamento em seu novo mundo, entre outras
    características,” ela explica.

    Essas transformações fazem parte de um processo natural e
    esperado. A tentativa de regular esses comportamentos naturais por meio de
    suplementos ainda não possui embasamento científico confiável. “Não temos
    estudos científicos robustos que revelem que o uso de suplementos possam
    regular o comportamento de adolescentes até o momento,” completa Dra. Carolina.
    Esse ponto é crucial, pois a falta de estudos adequados torna as promessas de
    regulação emocional através de multivitamínicos duvidosas e possivelmente prejudiciais.

    Perguntada sobre o efeito de multivitamínicos em sintomas
    como irritabilidade e impaciência – comuns durante a adolescência –, Dra.
    Carolina foi enfática: “Não há evidência”. Essa resposta traz à tona a
    necessidade de cautela com suplementos que alegam modificar traços
    comportamentais ou emocionais sem respaldo científico. Apesar de vitaminas e
    minerais serem essenciais para o organismo, seu uso para controle emocional ou
    de comportamento não é sustentado por evidências e pode acabar desviando pais e
    cuidadores dos tratamentos recomendados.

    O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é
    um transtorno que requer acompanhamento médico específico, incluindo abordagens
    terapêuticas e, em alguns casos, medicamentos controlados. Dra. Carolina
    reforça que, no caso de adolescentes com TDAH, “o tratamento eficaz envolve
    terapias específicas direcionadas para o adolescente, e se necessário o uso de
    medicamentos.”

    A promessa de que suplementos vitamínicos podem substituir
    ou complementar esses tratamentos levanta preocupações, pois pode levar pais e
    responsáveis a investirem em produtos que não atendem às reais necessidades do
    adolescente. Além de serem ineficazes, esses suplementos podem criar
    expectativas irreais e mascarar a necessidade de tratamentos baseados em
    evidências.

    Em uma era digital repleta de promessas, é essencial
    questionar as soluções que parecem simplistas demais para resolver problemas
    complexos. A saúde emocional e comportamental dos jovens exige abordagens
    cuidadosas e integradas, sempre pautadas pela ciência.

    O fascínio por soluções rápidas e acessíveis pode atrair
    muitos pais e responsáveis, mas representa um risco quando esses produtos
    carecem de comprovação científica e desviam da abordagem correta para questões
    complexas como o comportamento infantil e o TDAH. A Dra. Carolina Cresciulo nos
    lembra da importância de confiar em tratamentos comprovados e buscar ajuda
    profissional para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes.

    Essa questão é reforçada pelo Dr. Daniel Becker, em suas
    redes sociais, Daniel é pediatra e defensor da saúde infantil, que alerta:
    "O mercado quer vender, e saúde é uma ótima mercadoria. Se cuidar dá
    trabalho, os tempos são difíceis, e é muito mais fácil tomar uma pílula ou um
    pozinho. Só que na maioria das vezes não é o que funciona." Ele ressalta
    que o que realmente faz diferença para a saúde – tanto das crianças quanto dos
    adultos – é uma abordagem mais natural e integral: uma boa alimentação,
    exercício físico, convívio social, risadas e tempo na natureza.

    Ao final, Dr. Becker nos lembra que para crianças, os
    suplementos realmente comprovados pela Sociedade Brasileira de Pediatria são
    apenas vitamina D e ferro para os bebês, reforçando que qualquer outro produto
    com promessas milagrosas deve ser visto com ceticismo.

    Em uma era digital repleta de promessas, é essencial
    questionar as soluções que parecem simplistas demais para resolver problemas
    complexos. A saúde emocional e comportamental dos jovens exige abordagens
    cuidadosas e integradas, sempre pautadas pela ciência e orientadas por
    profissionais de confiança.

    Procure sempre informações em canais oficiais e na dúvida
    consulte seu médico.

     



































    (Os artigos assinados não representam, necessariamente, a
    opinião do jornal)




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