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Votorantim,26/11/2024

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    Editorial: Que não sejamos uma república de paus-mandados


    Editorial: Que não sejamos uma república de paus-mandados

     

     

    O governo que se despede deixa uma marca preocupante: a
    banalização dos cargos comissionados. Embora seja legítimo e previsto em lei
    que o governante escolha membros de seu grupo político ou aliados para ocupar
    essas funções, o que vimos em nossa cidade ultrapassa o limite do aceitável.
    Não se trata apenas da nomeação de pessoas com vínculos políticos, mas do
    comportamento de alguns secretários e diretores que deveriam representar os
    interesses da população, mas esses alguns se comportaram como meros executores
    de ordens, muitas vezes caprichosas e alheias ao bem comum.

    Os votorantinenses que ocupam cargos públicos precisam
    entender que estão a serviço da cidade, não de um chefe ou partido. É
    necessário compreender que esses cargos têm data e hora para começar e
    terminar. E como ficam as relações que foram arranhadas, maltratadas e
    ignoradas? Ordem errada não se cumpre. Ordem desonesta não se cumpre. Ordem de
    vingança não se cumpre. Submeter-se a esses desmandos, sob o pretexto de
    preservar o cargo ou o status, é trair a confiança da população e abrir mão de
    princípios fundamentais.

    A hierarquia, quando mal compreendida, torna-se uma
    ferramenta de opressão. Sob o pretexto de "manda quem pode, obedece quem
    tem juízo", nascem as arbitrariedades e as autocracias. Mas será que
    hierarquia deve ser apenas sobre quem manda? Será que não deveria ser sobre
    coordenação, colaboração e respeito mútuo?

    Uma cidade verdadeiramente democrática não pode estar à
    mercê de paus-mandados. Governar é liderar pelo exemplo, pela competência, pela
    capacidade de ouvir, dialogar e construir soluções coletivas. Um bom líder
    delega responsabilidades com confiança, motiva sua equipe e reconhece a
    importância de cada membro como agente de mudança.

    O poder real está na coletividade, no compartilhamento de
    ideias, na soma de habilidades e experiências. Quando há liberdade e confiança,
    a produtividade floresce, e o que parecia impossível torna-se realidade.

    No entanto, transformar esse sonho organizacional em prática
    é tarefa para poucos. Exige coragem, integridade e compromisso com o bem comum.
    A pergunta que fica é: quem se habilita?



















    Que o passado nos ensine e que o futuro não repita os erros
    que nos transformaram, em momentos críticos, em uma republiqueta de
    paus-mandados. Que tenhamos líderes e servidores que saibam respeitar a
    verdadeira essência de sua função: servir à população, não a interesses
    pessoais ou políticos. A história cobra, e a cidade merece mais.




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