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Votorantim,21/11/2024

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    Editorial: Onde estão os pretos de Votorantim?


    Editorial: Onde estão os pretos de Votorantim?


    Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, Votorantim e
    o Brasil são convidados a refletir sobre a presença, a história e a luta da
    população negra. Segundo o Censo de 2022, 10,2% da população de Votorantim se
    autodeclara preta, ao lado de uma maioria parda, com 45,3%, brancos, com 43,5%,
    além de 0,8% de indígenas e 0,4% de amarelos. Embora esses números mostrem a
    diversidade étnico-racial da nossa cidade, eles também nos levam a questionar:
    onde estão, de fato, as histórias e as vozes dos negros de Votorantim?

    Historicamente, Votorantim compartilha um passado
    diretamente ligado a Sorocaba, uma região marcada pela prática escravocrata nos
    séculos XVIII e XIX. Nesse contexto, Manoel Fabiano de Madureira, o primeiro
    grande fazendeiro da área que hoje é Votorantim, foi um pioneiro nas terras que
    atualmente formam a Serra de São Francisco e, seguindo a prática comum entre
    fazendeiros da época, utilizava mão de obra escrava de negros para atividades
    em suas terras. Embora não existam registros detalhados sobre o uso da
    escravidão na propriedade de Madureira, o contexto histórico sugere que ele
    mantinha essa prática, como era predominante na região.

    Além de Madureira, figuras como o Brigadeiro Rafael Tobias
    de Aguiar também exploravam a mão de obra escrava de negros em suas fazendas, e
    Sorocaba tornou-se um ponto central para as feiras de muares, onde o comércio e
    as atividades econômicas dependiam fortemente do trabalho negro. Esse passado
    moldou profundamente a formação econômica e social que Votorantim herdou ao
    longo dos séculos.

    Apesar da emancipação de Sorocaba em 1965, nossa cidade
    ainda carrega essa herança, que influenciou a transição de uma economia
    sustentada pelo trabalho escravo para uma indústria que, a partir do final do
    século XIX, passou a empregar imigrantes e trabalhadores locais com o
    crescimento das Indústrias Votorantim. Mesmo com o fim da escravidão em 1888,
    as marcas desse período ainda estão presentes nas desigualdades sociais e
    econômicas da região.

    Hoje, ao olharmos para a representatividade dos negros em
    Votorantim, o número de 10,2% da população nos leva a refletir sobre a inclusão
    real dessa comunidade na cidade. Onde estão os negros nas posições de
    liderança, nos empreendimentos locais, na valorização da cultura e nas
    oportunidades que a cidade oferece? A diversidade étnica de Votorantim, que
    inclui pardos, brancos, indígenas e amarelos, não se traduz plenamente na
    igualdade de acesso e visibilidade que todos esses grupos merecem.

    Neste Dia da Consciência Negra, é essencial que Votorantim e
    o Brasil reconheçam a vasta riqueza cultural e os elementos africanos que
    moldam nosso cotidiano e estão presentes na culinária, na música e na dança, na
    religião e espiritualidade, nas linguagens e expressões, nas festividades e
    celebrações, na moda e estética, e na resistência e luta por direitos.

















    E não são poucos os homens e mulheres negros que fazem parte
    da história do nosso país, seja na literatura, na justiça, na ciência, nas
    artes, ou mesmo em Votorantim, onde esses negros que fazem a diferença também
    estão.




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