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Votorantim,14/11/2024

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    A saga de um forasteiro


    A saga de um forasteiro

    Por Fernando Grecco*

    Votorantim testemunhou, na última eleição, alguns fatos que são, no mínimo, preocupantes. O primeiro deles é o elevado índice de abstenção, tornando irrefragável a tese de que a maioria da população despreza o processo eleitoral, não vendo, nele, uma ferramenta de possíveis mudanças da vida cotidiana. O segundo fator, ainda mais alarmante, é a eleição para o Executivo de um candidato sem nenhuma capacidade de comunicação, sem projeto concreto e sem histórico real de trabalho na cidade. Seu currículo se limitou ao fato de ser irmão do midiático e demagogo prefeito de Sorocaba. Somente isso.
    No decorrer da campanha, houve a oportunidade de os candidatos exporem projetos através de sabatina direta e individual. O candidato eleito, surpreendentemente, não compareceu. Logo na sequência, ocorreu o debate (tão esperado), onde a população poderia avaliar as diferenças, pontos positivos e negativos, e melhor julgar pela postura e posição de cada um. O candidato eleito, dessa vez de modo mais preocupante, também não compareceu. Fica evidenciado que a ausência pública desses compromissos não é mera coincidência, trata-se de uma comprovação inequívoca que era uma candidatura de mentira, de alguém que não é da cidade e foi lançado sem critério na onda de uma publicidade oca, sem sentido, pelas mãos do prefeito da cidade vizinha.
    Votorantim conseguiu eleger o único candidato, dentre os sete postulantes, que, além de não conhecer a cidade, menos ainda seus problemas, não havia nada a dizer, tampouco a executar. Saímos de um governo (atual) anacrônico, medieval, medíocre e repugnante, para mergulharmos em uma escuridão incerta, conduzida, dessa vez, pela total inexperiência política. A figura do “novo”, que alguns inocentes acreditam ser interessante, na verdade se traduz na falta completa de conhecimento administrativo. Assim sendo, a tragédia é anunciada, clara e óbvia. É lamentável a irresponsabilidade de quem lança a cidade ao acaso, iludido com espetáculos midiáticos circenses e acredita que isso é a solução para problemas estruturais tão complexos que vivenciamos.
    O risco de ser eleito com votos que não são propriamente seus (e que vieram de um arranjo político de interesses obscuros, valendo-se especialmente da pouca instrução da maioria) é o quase certo derretimento desses mesmos votos em um período curto de tempo. A inconsistência desse tipo de eleição cria, com o tempo, verdadeiros zumbis que a partir de certo ponto não têm mais condições de articulação. O tempo se encarregará de mostrar o desastre.
    O teatro eleitoral de Sorocaba alimentou a expectativa pouco crítica da maioria no surgimento de um portador da esperança. Mesmo sendo esse portador um forasteiro desconhecido, sem propósito, deslocado e totalmente alheio às nossas reais necessidades conjunturais. Ao assumir, receberá uma carta em branco da recém-constituída legitimidade para executar possíveis reformas. O que virá, certamente, por parte dos incautos carentes de heróis, é a transformação rápida do voto pouco crítico em plena e eterna frustração.

    *Fernando Grecco é empresário.
    (Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do jornal)




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