Editorial: o cordão dos puxa-sacos e o desafio de Weber Manga
Com a proximidade de Weber Manga assumindo a administração municipal, a cidade começa a assistir a um desfile silencioso, porém visível, de bajuladores, aspirantes a cargos comissionados e caçadores de “boquinhas”. No mundo corporativo, o "puxa-saco" é figura presente, mas é na política que essa personagem encontra terreno fértil, proliferando-se como ervas daninhas. A possibilidade de dobrar o salário com cargos de confiança e a chance de se tornar comissionado atraem uma legião de interessados, que veem no gesto servil uma porta de entrada para a máquina pública.
O bom gestor precisa ter clareza de que o serviço público não pode ser um abrigo para quem alcança espaço apenas pela bajulação. Ainda que a legislação permita nomeações de confiança, a população merece servidores que se destaquem por competência, e não por servilismo.
No ambiente de trabalho, o "puxa-saco" pode assumir diferentes perfis: o queridinho, que faz de tudo para se destacar, até mesmo criticando colegas diante do chefe; o papagaio, que repete as palavras do superior como se fossem mantras; o hiper atarefado, que parece sobrecarregado, mas se desocupa ao menor sinal de atenção do gestor; o sabe-tudo, que gosta de aparentar conhecimento em tudo, mesmo sem realmente dominar o assunto; o cérebro blindado, que é competente, mas retém informações por insegurança; e o Papai Noel, que aparece com presentes e mimos em ocasiões festivas, apenas para cair nas graças da chefia.
"Ter uma boa relação com os líderes é saudável, mas o profissional precisa entender que é avaliado por suas competências, e não por bajulação." Os puxa-sacos são facilmente identificados e, muitas vezes, isolados pelos colegas, que percebem rapidamente a falta de confiança e a superficialidade em suas interações. Cabe ao líder ter o bom senso de colocar o puxa-saco em seu devido lugar, atrás da porta da cozinha, onde pode ser mais útil ao tirar aquelas sacolinhas de supermercado que se acumulam — afinal, essas têm mais serventia do que os próprios puxa-sacos.
Para Weber Manga, o desafio está lançado: construir uma equipe baseada no mérito, na qual as nomeações respeitem a competência e a capacidade de contribuir efetivamente para a cidade. O serviço público precisa de profissionais comprometidos e qualificados, e a população merece ser atendida por servidores cuja atuação não seja pautada pela conveniência ou agrado, mas pela ética e eficiência.
Esse novo capítulo que se inicia na administração municipal é uma oportunidade de renovar práticas e reforçar o compromisso com o bem público. Afinal, a cidade não pode pagar o preço da ineficiência promovida pela política do "cordão dos puxa-sacos".
COMENTÁRIOS