Especialistas em crise hídrica alertam para a redução do nível de Itupararanga
Em apenas 15 dias de medição, o volume de água baixou 4%; a tendência é que o nível da represa reduza ainda mais
Fernanda Ikedo/Portal Porque/Arquivo Fabiana Blaseck Sorrilha
Portal Porque
O GT-CH (Grupo de Trabalho de Crise Hídrica), que acompanha a situação da represa de Itupararanga, alerta que a pouca chuva registrada no inverno e a secura do início da primavera reduziu a entrada da água na represa e causa preocupação. Em apenas 15 dias de medição, o volume de água baixou 4%. A tendência é que o nível da represa baixe ainda mais. O GT-CH reforça que ainda é prematuro dizer que haverá racionamento nas cidades abastecidas pela Itupararanga, mas não descarta a possibilidade.
Segundo os especialistas em crise hídrica, no dia 15 de setembro o nível registrado foi 68,92% de volume e 821,34 metros de cota. O último dado obtido pelo grupo de trabalho era que a vazão aproximada de 4,54m³/s (dados de 6 de setembro). Após 15 dias da medição obtida pelo GT-CH, a assessoria de imprensa da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), empresa responsável pela represa, informou que o volume de água da represa baixou quase 4%, ou seja, de 68,92% para 65% e 821 metros de cota.
A estiagem não apenas traz a marca de apenas 37% da média histórica de chuva no inverno como também o alerta de que não choveu o suficiente na represa para que seu volume aumentasse. “Precisamos estar alertas para que não vivamos os momentos críticos de 2021, quando foram registrados baixos índices de chuva e, por consequência, a redução drástica do nível da represa e a preocupação com o abastecimento”, lembram os integrantes do GT-CH no relatório gerado.
Para a população a chuva é algo muito aguardado. Mas, o grupo se manifesta de maneira mais enfática: “as tão esperadas gotas do céu podem aliviar o calor intenso fora de época, podem melhoraram a qualidade do ar e ajudam a reduzir os focos de queimadas mas não o problema de Itupararanga”, reforça.
Pouca chuva no manancial
Na última chuva na região da represa foram registrados 25 mm entre domingo e segunda-feira na região de Ibiúna, conforme o pluviômetro do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) localizado próximo ao rio Una, que nasce em Ibiúna. Além do rio Una, os rios Sorocabuçu e Sorocamirim também formam a represa. Todos nascem em Ibiúna até se encontrarem e formarem o rio Sorocaba.
Na represa e no rio Sorocaba, foram registradas espécies de peixes como lambe-lambe, curimbatá, lambari, saguiru, traíra, cascudo, cadela e o mandi, este que só vive em águas correntes. Todos sofrem com as baixas dos rios e do manancial.
“Não podemos esquecer que a redução do nível da represa preocupa não apenas pela quantidade, mas também pela qualidade da água, que piora nos períodos de estiagem em razão da menor diluição dos poluentes, provenientes principalmente, pelo lançamento de esgoto sem tratamento”, reforça a ONG.
O GT-CH reforça que ainda é prematuro dizer que haverá racionamento nas cidades abastecidas pela Itupararanga, mas que as mudanças climáticas e o uso não consciente da água podem levar a essa medida extrema.
Previsão do Cemaden
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) aponta diz que o período de estiagem está maior, na maior parte do país. O cenário é influenciado pelo aquecimento do Oceano Atlântico, que favorece chuvas intensas em regiões fora do Brasil, reduzindo as precipitações locais.
A seca no Sudeste é resultado de uma combinação de fatores climáticos e ações humanas. A influência do fenômeno El Niño, a substituição de áreas florestais por campos agrícolas e as mudanças climáticas têm contribuído para um cenário cada vez mais crítico. As alterações no uso do solo reduzem a umidade ambiental e, consequentemente, as chuvas.
Legenda:
Com o prenúncio de secas, grupo de trabalho sobre crise hídrica faz alerta para o nível de Itupararanga.
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