Paulo Andrade (Portal Porque)

Maria Aparecida dos Reis Vieira, que deu entrada no início
da semana na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Parque Jataí, em
Votorantim, viu, segundo parentes, seu quadro de saúde agravar-se durante
quatro dias até conseguir uma vaga nesta quinta-feira (22). Procurada
pelo Portal Porque, a Prefeitura isentou-se de responsabilidade e alegou
que a transferência de pacientes é de competência do governo estadual (sistema
Cross). Familiares de Maria, no entanto, relatam erro no preenchimento do pedido
de vagas na UPA, o que teria prejudicado a idosa. Nem a Prefeitura de
Votorantim e nem o Governo do Estado responderam a reportagem sobre o eventual erro.

Mateus, filho da paciente, explicou à reportagem que na tarde desta quinta-feira (22) já estava sendo bem atendida no CHS e inclusive passava por um novo processo de estabilização do seu quadro de saúde. Quando esteve na UPA Jataí, segundo Mateus, desde o início ela apresentou sangue nas fezes, teve uma parada cardíaca, precisou usar fraldas e foi entubada.

O filho de Maria ressalta que vários profissionais da UPA dedicaram atenção à sua mãe, mas outros, porém, trataram a família com descaso e, principalmente, deixaram de prestar informações a ele e à sua esposa, que
estavam acompanhando a idosa.

Erro no preenchimento?
Mateus soube nesta quinta que o pedido de transferência da mãe junto ao Cross
(sistema informatizado estadual de regulação de vagas à saúde) estava
classificado como prioridade A8, que significa caso de avaliação cirúrgica. Por
isso o pedido de remoção foi negado de 6 a 12 vezes desde segunda-feira,
segundo ele.

“Somente hoje, um médico informou que precisava mudar o
pedido junto ao Cross para situação de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
Dez minutos depois que isso foi feito, a transferência chegou! Isso não é
negligência?”, questiona o filho da paciente.

Resposta da Prefeitura
Questionado pelo Porque, nesta quinta, sobre se realmente houve
erro no preenchimento da documentação, a administração de Votorantim limitou-se a responder que: “a Secretaria [Municipal] de Saúde reitera que a paciente recebeu todo acolhimento necessário e aguardava a liberação da vaga Cross, a qual é de competência da secretaria estadual e cujo atendimento já ocorreu”.

A reportagem também questionou a Secretaria de Saúde do
Estado de São Paulo sobre se houve erro no preenchimento do pedido de
transferência e eventuais responsabilidades. A resposta, enviada às 18h48, não
aponta responsabilidades, mas confirma que a paciente chegou em estado grave ao CHS.

Resposta estadual
“O Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) informa que a paciente M.A.R.V. está internada em unidade semi-intensiva do pronto-socorro (PS), sob cuidados de equipe multidisciplinar. Ela deu entrada na unidade hospitalar hoje (22), com estado de saúde grave”, esclareceu a nota ao Porque.

“A Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) é um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência, que auxilia na identificação de uma vaga no hospital mais próximo”, descreve o texto.

“A Central possui um sistema online que funciona 24 horas por dia e busca vaga disponível em serviços de saúde do SUS, preferencialmente na região de origem do paciente, com disponibilidade e capacidade para atender cada caso, priorizando os mais graves e urgentes”, esclarece a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde estadual.