O atentado à liberdade de imprensa: jornalista de Votorantim sob ameaça e perseguição
Por Mario Henrique Bernardes Pereira*
A perseguição sofrida pelo
jornalista Werinton Kermes, editor-chefe da Gazeta de Votorantim e da TV
Votorantim, é um retrato preocupante do ambiente hostil que a imprensa enfrenta
atualmente não apenas em Votorantim, mas no Brasil. Em um cenário onde o
trabalho jornalístico deveria ser valorizado como pilar da democracia, o que se
vê é uma crescente tentativa de silenciamento daqueles que ousam expor os
desvios de conduta e o mau uso do dinheiro público.
Os dados apresentados pela
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) são alarmantes: um aumento de
105,77% na violência contra jornalistas entre 2020 e 2024. Esse crescimento
reflete a intolerância e a violência, muitas vezes patrocinadas por políticos que
tiveram seus nomes levado a público por terem comportamentos que não condizem
com os cargos que ocupam pois não aceitam que seus atos sejam trazidos à luz.
Essa prática é particularmente evidente em cidades como Votorantim, onde a
imprensa local, ao cumprir seu dever de informar, se torna alvo de ameaças e
assédios judiciais.
O jornalista Werinton Kermes tem
sido alvo de assédio judicial claramente direcionado a intimidá-lo e coibir sua
atuação.
Essas ações não são isoladas;
refletem uma prática que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu
recentemente como uma tentativa de cercear a liberdade de imprensa. Além disso,
a denúncia de que dois vereadores estariam tentando desqualificar o jornalista
através de uma devassa em sua vida pessoal e profissional é uma demonstração
explícita de retaliação política.
Essa perseguição não apenas
ameaça a liberdade de imprensa, mas também enfraquece a democracia. A tentativa
de silenciar jornalistas como Werinton Kermes não é apenas uma afronta à
liberdade de expressão, mas uma estratégia deliberada para ocultar os abusos de
poder e a corrupção. Quando a imprensa é silenciada, quem perde é a sociedade,
que fica desinformada e vulnerável.
É fundamental que a comunidade,
as organizações de defesa da liberdade de imprensa e a justiça brasileira se
posicionem contra essas tentativas de intimidação. O jornalismo precisa ser
protegido, não apenas pelo bem dos profissionais que o exercem, mas para
garantir que a verdade continue sendo revelada, independentemente de quão
desconfortável ela possa ser para aqueles que detêm o poder.
A Gazeta de Votorantim e seus
profissionais, como Werinton Kermes, devem continuar seu trabalho com coragem e
determinação. Expor os maus públicos e valorizar aqueles que cumprem com seu
dever é a essência do jornalismo. Não podemos permitir que ameaças e assédios
prevaleçam sobre a verdade. Afinal, como bem disse o jornalista: "Somos a
janela e não a paisagem". Que essa janela continue aberta, iluminando os
cantos mais sombrios da política local e nacional.
*Mario Henrique Bernardes Pereira é advogado. OAB: 296866/SP
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