Projeto prevê duplicações e outras obras em rodovias de Votorantim, mas não detalha onde estarão os pedágios
Motoristas articulam movimento contrário aos pedágios
Acesso 103 da SP também será privatizado
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As obras das rodovias estaduais da chamada Rota Sorocabana, previstas para terem início no primeiro trimestre de 2025, terão uma série de intervenções na rodovia SP-79, que passa por Votorantim, Piedade, Tapiraí e Juquiá.
São duplicações e alargamentos de pistas, contornos, implantação de acostamentos, entre outros investimentos. A Gazeta de Votorantim teve acesso ao projeto, com seus anexos e detalhamentos. Mas nele, não consta, por exemplo, onde deverão ser implementados as eventuais praças de pedágios, ou melhor, o sistema free flow, ou seja, um modelo automático livre com pagamento da tarifa de maneira 100% automático, que permite cobrança em relação ao trecho percorrido. Onde há a informação sobre pedágios o documento aparece em branco e pula para outro item.
De acordo com o projeto, a SP-79, que no trecho de Votorantim recebe o nome de Raimundo Antunes Soares, (passa pelo bairro Capoavinha) contempla o lote 2, segundo a Artesp, e terá duplicação de pista do quilômetro 97,65 ao 183,86 da via, onde a via já recebe outro nome: Tenente Celestino Américo.
A concessão, ainda segundo o projeto, vai permitir a construção de faixas adicionais na subida, contando com acostamento, rampa de escape e melhorias na iluminação. Em todo esse trecho, segundo o documento, consta a realização de OAEs, que se denomina: Obras de Artes Especiais, como pontes, viadutos e túneis. Entretanto, no projeto não consta o quais e onde especificamente serão realizadas ou implantadas tais obras, como viadutos e túneis, por exemplo. O projeto contempla ainda a implantação de um novo contorno em Juquiá.
O chamado Acesso 103 da SP-79, em Votorantim, também deverá receber obras dentro da chamada Rota Sorocabana. Essa é a rodovia que cruza a área urbana de Votorantim, continuação da Avenida 31 de Março, que recebe o nome de Miguel Afonso Ferreira de Castilho, e dá acesso à Piedade. Segundo o projeto, deverá receber obras de duplicação do quilômetro 0 até o 2,5 da via. Também estão previstas OAEs, sem especificações.
A Rota Sorocabana
O edital para a concessão de 460 quilômetros de rodovias da Rota Sorocabana, que atende a região de Sorocaba, foi publicado na edição do último dia 12 do Diário Oficial do Estado (DOE). O leilão está marcado para 30 de outubro deste ano. O projeto integra o Programa de Parcerias e Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e prevê aplicação de R$ 8,7 bilhões em investimentos ao longo dos 30 anos de concessão. Os recursos serão aplicados em duplicações, implantação de faixas adicionais, marginais e ciclovias, construção de acessos e obras de infraestrutura viária, entre outros.
A nova concessão incorpora, por exemplo, trechos atualmente administrados pela ViaOeste, cuja concessão se encerra em março de 2025, e outros administrados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Uma das melhorias previstas é a conclusão da duplicação da rodovia Bunjiro Nakao (SP-250), nos trechos entre Vargem Grande e Ibiúna e de Ibiúna até Piedade. Em Sorocaba, a mesma via deve receber uma correção de traçado, que vai possibilitar mais segurança.
A rodovia João Leme dos Santos (SP-264) também vai ganhar duplicação no trecho de Salto do Pirapora. Na região de Sorocaba, a rodovia Raposo Tavares (SP-270) ganhará faixas adicionais, assim como no trecho de ultrapassagem entre Piedade e São Miguel Arcanjo. No local, transitam muitos caminhões carregando eucalipto, o que dificulta o trânsito em vias simples.
A rodovia SP-075 (conhecida como Castelinho) em Sorocaba, também irá receber mais uma faixa entre os quilômetros 0 e 6,5. Assim como na Castello Branco (SP-280), entre os quilômetros 54 e 79.
Pedágios e movimento contrário
De acordo com informações da Artesp, a concessão contará com pórticos do Sistema Automático Livre, também conhecido como “free-flow”, ao invés das praças de pedágio. O free-flow permite a cobrança de tarifa sem a necessidade de cabines ou barreiras físicas, ou seja, o motorista não precisa parar o veículo para realizar o pagamento.
O sistema automático será implantado em toda a extensão do trecho concedido, totalizando 23 pórticos. O aumento na quantidade dos pontos de cobrança, ainda segundo a Artesp, permitirá que os valores das tarifas sejam reduzidos, beneficiando os usuários. Ao longo da extensão, os valores vão variar de R$ 2,49 a R$ 8,93, a depender do trecho.
A agência ressalta ainda que também haverá o Desconto de Usuário Frequente (DUF) na Rota Sorocaba. Se o motorista passar pelo mesmo trecho mais de dez vezes, terá redução de 10% no valor cobrado. A partir da 21ª passagem, a redução será de 20%. Além disso, aqueles que contarem com tags instaladas nos veículos terão desconto de 5%, segundo nota da agência.
Porém, muitos motoristas acreditam que o sistema trará melhorias necessárias, mas afirmam estar céticos quanto à cobrança das tarifas de pedágios. “São trechos que realmente precisam de investimentos e já passou muito do tempo para que o governo do Estado realizasse tais investimentos, mas esses benefícios têm um custo para nós, a população, que já paga impostos, que não são poucos”, disse o eletricista João Maciel dos Santos, de 45 anos.
“Não existe cafezinho de graça. O governo anuncia em clima festivo melhorias que deveriam ser obrigação sem que nós pagássemos por isso, mais ainda. Um total de 23 locais de cobrança de pedágio é uma afronta”, destacou a motorista de aplicativo Ana Claudia Tobias, de 47 anos.
A questão envolvendo os pedágios no trecho da Rota Sorocabana já fez com que um grupo de pessoas se articulasse em várias cidades por onde ela irá passar para se mobilizar contra a cobrança das tarifas. Um deles é o “Rota Sorocabana – Fora Pedágios”. De acordo com uma das lideranças, Sócrates Homem de Mello Jr., que mora em São Paulo e possui uma chácara em Piedade, o movimento surgiu na sociedade civil, frente ao que chamou de “disparates dos projetos da Rota Sorocabana”. “Somos um movimento suprapartidário e queremos discutir com o governo do Estado o projeto e a questão envolvendo os pedágios. As consultas públicas feitas pelo governo foram divulgadas apenas no diário oficial e não tiveram a representatividade merecida. Em nossa avaliação, em momento algum a população pôde dialogar com a Artesp sobre o projeto”, disse completando que o grupo deverá se reunir no próximo dia 29, na cidade de Cotia, às 19h, na AETEC, que fica na Avenida Santo Antônio, 294, bairro do Portão. Esse grupo deverá se encontrar com outro, o “Nova Raposo – Não”. “A ideia é nos juntarmos para buscar o diálogo com o governo do Estado”, finalizou.
Por Marcelo Andrade
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