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Votorantim,21/11/2024

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    Exposição ALIMENTARTE traz temática da luta antirracista


    Exposição ALIMENTARTE traz temática da luta antirracista

     


     


    A arte que desabrocha já na infância, pouco exposta e agora escancarada em um shopping, e não à toa. “Compartilhar, dialogar, aprender. Um compartilhamento de emoções e sobretudo de necessárias reflexões.


    Quarenta desenhos escolhidos a dedo pelo artista plástico Professor Jorge Cammarano estarão visíveis ao público a partir desta sexta-feira (23/11), no Shopping Pátio Cianê, em Sorocaba, contemplando a programação da Semana da Consciência Negra da Secretaria de Cultura e Turismo de Sorocaba. A mostra “ALIMENTARTE”, gratuita e de classificação livre, fica aberta ao público até 04 de dezembro, das 10h às 22h. O Pátio Cianê está localizado na Av. Dr. Afonso Vergueiro, no Centro.


    O autor, Jorge Luis Cammarano (sobrenome paterno) González (sobrenome materno) nasceu num bairro periférico: Nuevo Paris, na cidade de Montevideo – Uruguai. Desenhista mecânico, alfabetizador, professor, sociólogo, pesquisador; pai de Mariana, Maíra e Raul, avô de Cauã, companheiro de Fátima, postulante a artista plástico e a poeta.


    Trabalhou na Universidade de Sorocaba entre 2000 e 2010. Deixou a cidade em 2017, residindo atualmente na cidade de Salvador, Bahia. Mas antes de partir, deixou em Sorocaba uma legião de ex-alunos que se tornaram amigos e admiradores, e agora organizam com muita empolgação esta exposição.


    Jorge Cammarano adota a pintura e o desenho desde sua infância sob influência paterna e de alguns tios com projeção nas artes plásticas no Uruguai. Nessa trajetória, frequentou cursos e participou de exposições, mas declinou dessas práticas diante da progressiva mercantilização do processo artístico, optando por um caminho pautado na autonomia e no autodidatismo, embora ainda sonhe em realizar um curso de artes plásticas.


     


    Técnica e temática


    As técnicas utilizadas nesse itinerário são a tinta a óleo, a tinta acrílica, o carvão, a caneta esferográfica e o lápis aquarela. A produção apresentada traceja seu enredo na esteira da prática social e da prática de refletir sobre a prática, na perspectiva de transformar o impossível em possível. Para isso, trama limites, impasses e desafios intrínsecos ao processo de busca pela criação.


    Hoje, instigado pela luta contra a barbárie, em suas inúmeras feições, decide compartilhar, neste espaço, parte dessa busca. Propõe-se, por meio de cores, formas luzes e sombras, esboçar possibilidades de subjetiva e objetivamente problematizar a razão de ser histórica da realidade em curso. E também de resgatar sua ancestralidade enraizada no Candombe (ritmo de descendência africana e patrimônio histórico-cultural do Uruguai).


    Misturar cores, aquarelar contornos, tensionar luzes e sombras, refletir sobre a vida que não suporta molduras, censuras, mordaças.


    Registrar momentos de estranhamento, de seres escravizados, de sonhos roubados, de caminho sem começo, da pincelada do avesso. Humanizar a vida, vasculhar o tempo, escutar silêncios e discernir incômodos. Compartilhar, dialogar, aprender.


    “Conjugar essa procura com vocês e agradecer por transitarem este espaço recriando essa proposta”, conclui o autor ao definir sua arte.


     


     


    Confira uma entrevista concedida pelo autor à Secretaria de Cultura e Turismo de Sorocaba:


     


    -Qual sua expectativa para essa exposição?


    Jorge Cammarano (J.C.): A expectativa é imensa, em virtude do contexto em que será realizada, isto é, vinculada às comemorações do Movimento Negro e suas lutas históricas, visando ao reconhecimento e ao respeito às raízes, às contribuições e às realizações desse povo que representa a segunda maior população negra do mundo. Uma exposição que se alinha à luta antirracista e em defesa de uma sociedade plenamente democrática, sem discriminações, sem mordaças e sem desigualdades.


     


    Você já morou em Sorocaba, e agora tem a oportunidade de expor suas obras na cidade...


    (J.C.): A possibilidade de expor parte do meu trabalho nesta cidade onde morei e trabalhei aproximadamente por quinze anos é motivo de agradecimentos a todos os envolvidos nesta exposição que chamo de ALIMENTARTE. Durante minha permanência aqui, alimentei sonhos, desenvolvi meu trabalho de aprender e ensinar, constituí uma família e pude estabelecer relações de amizade que me acompanham na travessia com a certeza de que podemos coletivamente alimentar outras formas de viver pautadas pela solidariedade, o diálogo, o respeito, a crítica e a indignação diante dos problemas sociais que nos incomodam e nos causam indignação neste difícil período vivenciado pela sociedade brasileira. Nesse sentido, expresso minha gratidão.


     


    Você tem inspirações e/ou motivações?


    (J.C.): Inspirações e motivações acompanham o trabalho de criação e, especificamente, no campo da Arte em suas múltiplas dimensões, expressões, etc. A inspiração e a motivação têm suas raízes na vida, nos problemas cotidianos, nas buscas que os desafios que enfrentamos vivendo, agindo e pensando, criam individual e coletivamente. Esse universo é a fonte que subsidia inspirações e motivações, que nos desafiam a pesquisar, refletir, compreender, questionar e, na medida do possível, a desenhar, colorir, aquarelar ...


     


    Seria possível descrever o propósito da sua arte?


    (J.C.): Quando penso no trabalho de criação, meu propósito é o de contribuir de alguma forma com o processo de humanização. E isto considerando que todo este trabalho também me humaniza. E quando penso em humanizar, significa que o olhar das pessoas para meu trabalho contribua no sentido de se perguntarem sobre o que estou querendo dizer, sobre a maneira que enxergamos a realidade, sobre as relações sociais que estamos criando, sobre os valores que orientam nossas práticas, por exemplo. Mas isso, como disse, é um propósito, uma atitude, uma possibilidade difícil, pois há todo um movimento para que nos tornemos progressivamente desumanos.


     


    Está satisfeito e orgulhoso por ter atingido?


    (J.C.): Neste momento, sinto-me privilegiado e acolhido por este espaço organizado para socializar meu trabalho. Se o sentimento de orgulho cabe nesse cenário diria que meu orgulho tem eco em amigas e amigos que ajudaram a organizar a exposição, sem esquecer do apoio institucional da Secretaria da Cultura. Imagino o público que vai apreciar o trabalho e, com suas observações, enriquecer e alimentar a Arte. Para tanto, faço o convite: Alimenta-te de Arte: AlimentARTE!  


     


    O que tudo isso significa para você? Suas artes, a exposição, a admiração das pessoas?


    (J.C.): Basicamente significa que meu trabalho tem sentido, tem razões e emoções para existir, permanecer e prosseguir. Também significa que é necessário resistir, persistir e tornar o impossível em possível. E nesse movimento tracejado pela vida perceber a importância daqueles que lutam no lastro de Zumbi, Rainha Ginga, Dandara, Clementina de Jesus, Milton Santos, Pixinguinha, Carolina de Jesus, Candeia, Cartola, Conceição Evaristo, Marielle Franco, as Mães de Maio ... A presença e relevância histórica dessas pessoas é  infindável como é e será a luta de todos nós. (Colaborou: Beatriz Pontes Silva)


     




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