Alcoólicos Anônimos auxilia pessoas a se livrarem do vício da bebida

Eduardo Gouvea
“Aqui tomamos remédio pelo ouvido”. É assim que um dos frequentadores do Alcoólicos Anônimos de Votorantim (A.A.) descreve as reuniões que acontecem três vezes por semana na sede da entidade no bairro Barra Funda. Prestes a completar 25 anos de atividade na cidade - começou em janeiro de 1990 nas dependências da Igreja Matriz – a irmandade recebe entre seis e dez pessoas em suas reuniões, sendo que alguns participam dela há mais de dez anos.
Durante os encontros, elas narram suas experiências em relatos dos mais variados tipos e situações, mas todos com um ponto em comum: a dependência do álcool. “No começo é difícil admitir que temos a doença”, diz um dos frequentadores. “A doença é física, mental e espiritual”, complementa outro.
Um deles relata que bebeu durante 40 anos, chegando até mesmo ser internado, e está há um ano sem consumir nada etílico. “O álcool leva a vários problemas, perda de memória e desavença com a família. Às vezes saia na hora do almoço para comprar mistura, mas acabava indo pro bar e só voltava na hora do jantar. E sem a mistura”, relembra.
É na troca de experiências, histórias de perda e superação e ajuda mútua que o A.A. auxilia homens e mulheres, de todas as idades, a se libertarem da bebida. “O A.A. trabalha como terapeutas, uns ajudam os outros. Aqui nada é imposto, tudo é sugerido”, relatam. Logo na entrada há um banner escrito “evite o primeiro gole apenas por 24 horas” é a primeira frase de incentivo que os frequentadores recebem.
A entrada no vício se dá normalmente na juventude, seja acompanhando o pai ou um tio nos bares ou simplesmente para “ficar mais descontraído” e ser aceito em um grupo de amigos e impressionar as outras pessoas. Também há aqueles que recorrem à bebida para suprir uma necessidade material ou superar uma frustração. No entanto, com o tempo perde-se a noção da hora de parar e quando finalmente aceita que está doente já perdeu o emprego, a família, o respeito e a autoestima.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o alcoolismo é uma doença que mais provoca óbitos entre seus portadores. Caracterizando por uma predisposição física aliada a uma obsessão mental, instala-se gradativamente na vítima até dominá-la inteiramente. Irreversível, progressiva e incurável, atinge homens e mulheres de todas as classes sociais.
Presente em mais de 180 países, o A.A. não é ligado a entidades políticas e religiões e se mantém através da contribuição facultativa de seus próprios frequentadores. Em Votorantim, as reuniões são realizadas as terças e quintas-feiras, às 19h30 e também aos domingos, às 9 horas. O local fica na Rua Alfredo Maia, nº 25, na Barra Funda. Dependendo da demanda, novos núcleos podem serem abertos na cidade.
publicado na edição n° 88, 3 de outubro de 2014 do Jornal Gazeta de Votorantim, na página 07
COMENTÁRIOS